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O ser humano é mais racional ou emocional?

  • Foto do escritor: Gabriel Campodarve
    Gabriel Campodarve
  • 11 de mar.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 13 de mar.




Na década de 1970, o médico e neurocientista americano Paul McLean desenvolveu a teoria evolucionista do Cérebro Trino, que preconiza que o cérebro humano é dividido em três unidades funcionais.


Segundo esta, a primeira e menor parte, localizada no tronco cerebral e cerebelo, é o Cérebro Reptiliano, responsável pelas necessidades básicas e essenciais, como respirar, controlar a temperatura, o sono, os batimentos cardíacos e ações de caráter instintivo. Conhecida também como Cérebro Primitivo, esta parte está ligada à sobrevivência: nos impele a lutar, fugir, estabelecimento territorial, reprodução da espécie, etc.

A segunda parte, comum em todos os mamíferos, o Cérebro Emocional (Sistema Límbico) é responsável pela proteção, emoções e sentimentos (como vínculos sociais, amor, ciúme, raiva medo, etc). Essa parte engloba a amígdala cerebral (que funciona como um depósito emocional) e o hipocampo (atua na conversão de informações em memória de longo prazo e na recuperação da memória de curto prazo).

A terceira, maior e mais desenvolvida parte, exclusiva dos humanos, o Cérebro Neocórtex é a responsável pelo nosso raciocínio lógico e argumentativo, linguagem (verbal e escrita), tomada de decisão, imaginação, escolhas, resolução de problema e o pensamento abstrato.


Trazendo e aplicando essas informações ao nosso dia a dia, conseguimos compreender como as pessoas funcionam. Repare como há, em momentos específicos das nossas interações diárias, predominância de uma das três partes do cérebro. Vamos a um exemplo (adoro exemplos e analogias. Se preparem para confrontá-los ao longo dessa nossa jornada juntos):


Terça-feira, uma hora da tarde, 33º com sensação térmica do maçarico dos céus apontado para nós. A bateria do seu carro arriou. Os motoristas de ônibus estão em greve. Você não consegue um taxi e os carros de aplicativo estão ocupados. Você tem uma importante reunião externa às 14h e não conseguirá almoçar neste interim, uma vez que terá que ir caminhando por 3km de terno e gravata. Proferindo palavras de baixíssimo calão, emanando toda energia negativa que as trevas de seu âmago poderiam produzir, você chega para a reunião com o rosto rósea, parecendo que passou na cachoeira para uma ducha no caminho de tanto que suou. Buscando controlar suas emoções e mostrar para o mundo seu melhor sorriso (afinal, precisa fechar aquela negociação de todo jeito) você se aproxima da mesa da secretária do Sr. Homero (nome fictício), que devolve o sorriso. “Olá. Vim para a reunião agendada às 14 horas com o Sr. Homero” profere você tentando disfarçar que está ofegante. “O Sr. Homero saiu há 10 minutos para almoçar com a família. O SENHOR PODERIA AGUARDAR UM POUQUINHO?”. Por maior que seja seu Neocórtex, seus cérebros Reptiliano e Límbico estão no comando da situação. Você quer mandar o Sr. Homero, a esposa, os filhos e a secretária para um lugar sem esperanças. Você tem fome, está desconfortável com sua roupa e com raiva por se sentir desrespeitado. Além de ter seu limiar emocional testado ao seu limite, sua apresentação não está das melhores: suado, vermelho, descabelado e com o odor de quem acabou de chegar ao destino final do Caminho de Santiago de Compostela. Ou seja, além da sua chance de êxito em se comunicar de forma assertiva estare respirando com ajuda de aparelhos, a sua linguagem não verbal está deitada na maca ao lado, sobrevivendo com a ajuda a mesma máquina.


Respondendo então a pergunta feita no título dessa matéria, o cérebro é muito mais emocional do que racional. Segundo uma pesquisa realizada pela University of California, para o cérebro humano, dor física e dor psicológica são interpretadas da mesma forma. Ou seja, um soco no estomago ou uma humilhação, por exemplo, são significados da mesma forma. Segundo os pesquisadores, a dor da rejeição pode ter se desenvolvido em função da importância dos elos sociais para nossa sobrevivência. E ainda há um agravante: a dor física passa “rápido”, já a dor social, não.Ainda sobre a polemica afirmação sobre a predominância da emoção sobre a razão, toda informação que capturamos chegam primeiro ao nosso cérebro límbico (emocional), que decide o que fará com ela. Se houver a percepção de ameaça ou risco, é capaz chegue a ser processada pelo neocórtex, sendo tomada uma atitude puramente emocional. Apenas depois dessa “filtragem” que a informação é liberada para ser processada de forma racional. Por isso, é tão importante que provenhamos um ambiente de segurança psicológica para nossos interlocutores, seja para que ele não sinta ameaça à sua sobrevivência ou a não se sentir pertencente. Esse é um primeiro passo para o estabelecimento de uma comunicação assertiva.

 
 
 

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