28 de agosto de 1963, Washington DC. 250 mil pessoas compareceram ao The Mall, sob um ardente sol de verão, para ouvir Martin Luther King falar. Não foram enviados convites, muito menos havia um grupo de WhatsApp para confirmar a data e o horário. Dr. King não era o único grande orador nos Estados Unidos, tampouco o único que sofreu antes dos Direitos Civis. Algumas das suas ideias, inclusive, eram ruins. Porém, é neste momento que te faço uma simples, porém profunda pergunta: quantas dessas 250 mil pessoas foram lá por ele? A conclusão, num primeiro momento, pode parecer óbvia, mas lhe peço permissão para discordar de você. A resposta correta é “nenhuma”.
Há alguns anos, Simon Sinek, autor do livro Comece pelo porquê, fez uma descoberta que mudou profundamente sua forma de ver e atuar no mundo além de, não menos importante, justificar a afirmação acima.
Existe um padrão na forma de pensar, agir e comunicar entre os maiores líderes e empresas globais. Quando digo “líderes”, não me refiro àqueles que estão em uma posição de poder ou autoridade, mas àqueles que lideram, que nos inspiram, que seguimos porque queremos, não porque temos que. Estes se comunicam através do que é chamado de Círculo Dourado, um modelo baseado na nossa biologia, que é composto por três grandes princípios: o que, como e por quê.
Utilizarei o exemplo da Apple explicá-lo. O primeiro princípio está ligado com o neocortex cerebral, que, como aprendemos na Parte I do livro, é elemento exclusivo do ser humano entre todos os mamíferos, responsável pelo pensamento analítico, racional, pela linguagem, e descreve o que todo mundo sabe que essa gigante global produz: ótimos dispositivos. O ‘como’ está ligado à proposta de valor, ao processo, sendo sabido por uma parte das pessoas: a Apple produz dispositivos lindamente projetados, fáceis de usar, com uma interface amigável. Porém, são pouquíssimos aqueles que sabem o porquê da empresa criada por Steve Jobs. Me refiro à sua causa, seu propósito, sua crença. O como e o porquê estão diretamente ligados ao nosso cérebro límbico, responsável por nossas emoções, sentimentos, confiança, lealdade, tomada de decisão.
Produzir ótimos dispositivos, lindamente projetados, fáceis de usar e com uma interface amigável, Samsung, Motorola, entre outras, o fazem com maestria. O que diferencia a Apple das demais? A Apple acredita em desafiar o status quo através dessas práticas. Esse é seu porquê. AS PESSOAS NÃO COMPRAM O QUE VOCÊ FAZ. ELAS COMPRAM O PORQUÊ VOCÊ FAZ. Aqueles conhecidos como adeptos iniciais, que passam horas na fila da Apple, aguardando para comprar a primeira remessa da nova geração de iPhones, por que o fazem? Porque eles tomam decisões intuitivas sem medo, pensando em sua visão de mundo. SE VOCÊ COMUNICAR O QUE ACREDITA, VAI ATRAIR AQUELES QUE ACREDITAM NAQUILO QUE VOCÊ ACREDITA. A grande diferença dos líderes inspiradores é que eles, diferente dos demais, comunicam primeiro o seu porquê, depois seu como e aí sim o seu o que. O QUE VOCÊ FAZ SIMPLESMENTE PROVA O QUE VOCÊ ACREDITA, E O OBJETIVO É FAZER NEGÓCIOS COM PESSOAS QUE ACREDITAM NO QUE VOCÊ ACREDITA.
Voltando ao exemplo do início do texto, as pessoas presentes no The Mall naquele 28 de agosto compareceram para ouvir no que Dr. King ACREDITAVA. “Eu tenho um sonho”, entoava ele a plenos pulmões. E as pessoas que acreditavam no que ele acreditava pegaram sua causa, a tornaram deles, e comunicaram a outras pessoas. Elas o seguiram, não por ele, mas por elas mesmas.
Então te pergunto: no que você acredita? Qual o seu porquê?
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