Quarta-feira, Gávea, Rio de Janeiro. Como não poderia ser diferente, o clima na cidade maravilhosa já fazia jus à sua alcunha logo nos primeiros minutos após o nascer do sol. Ansioso, este já insiste em invadir o apartamento pelas frestas da janela. Seria o presságio de um dia especial? Sim, definitivamente era um dia especial. Estridente, o despertador anuncia a chegada do grande dia. Rogério corre para conte-lo antes que Ana, sua esposa, despertasse. Ele a admira com afeição: era um homem de sorte por tê-la como companheira. Com o sorriso no rosto e o brilho no olhar se prepara para um intenso dia de trabalho.
As horas não passam. O relógio parece testar sua paciência. Ele não via o momento de voltar para sua casa, para a grande celebração. O ponteiro do relógio marca 18 horas. Ele fita seu chefe que, percebendo sua inquietação, pergunta: “é hoje?”. Rogério, com os olhos visivelmente marejados confirma: “Sim, é hoje!”. Ele corre até o ponto de ônibus como se um leão o perseguisse. A jornada de volta parece uma eternidade. Finalmente ele chega ao lar que tanto ama. “Amor, cheguei!” entoa ele a plenos pulmões ao abrir a porta do apartamento. Então Ana surge, deslumbrante. O tom do batom em perfeita consonância com o vermelho de seu vestido. Eles cruzam o olhar. A paixão continua a mesma, mesmo depois de tantos anos juntos. Suas respirações aceleram. Como numa sintonia perfeita, no mesmo instante ambos declaram o que está vivo dentro de si: “Feliz 10 anos de casados!/Você está pronta pro jogo do Vasco?”. Aquela redoma energética que remetia o Jardim do Éden, com pássaros cantando, se torna num estalar de dedos o set do filme Drácula de Bram
Stoker.
Rogério percebe o fogo da paixão presente nos olhos de Ana se transformarem em algo entre ódio e muito ódio. Ele havia esquecido do aniversário deles. Mas tudo ainda poderia piorar: “Amor, a rapaziada está chegando daqui 20 minutos para ver o jogo. Você poderia preparar aquela coxinha que só você sabe fazer?”. Ana então arqueia as sobrancelhas. Suas narinas se assemelham às turbinas de um foguete que a qualquer momento vai decolar. Seu rosto se transfigura a cada palavra proferida por seu marido. Rogério, percebendo que, talvez, estivesse cometendo um grande equívoco, indaga: “melhor eu ligar para o pessoal e desmarcar, né?”.
Como Ana fez para se comunicar de forma tão assertiva sem exprimir uma só palavra?
A fictícia história relatada acima (ou não tão fictícia assim...) ilustra bem o que o estudo que Albert Mehrabian, professor emérito de psicologia na Universidade da Califórnia e pioneiro em pesquisas de linguagem corporal, conduziu as décadas de 1950 e 60 sobre o tema (que ficou conhecido como a “Teoria de Mehrabian”) nos apresentou como resultado.
A partir das dinâmicas e testes realizados de recursos como do tom de voz e expressões faciais, ele formulou a regra de comunicação 7-38-55% que sugere que: 7% da comunicação é representada pela linguagem verbal, 38% correspondem ao tom de voz e demais sons (paraverbal) 55% de nossa comunicação é não verbal. Ou seja, numa hierarquia de relevância, o que nós efetivamente verbalizamos tem apenas 7% de efeito sobre a comunicação de forma global. “Aaah, mas isso é impossível!”.
Partindo então da premissa de que mais da metade da nossa comunicação ocorre de forma não verbal, através da nossa linguagem corporal e como nos apresentamos, nos vestirmos e agirmos de forma congruente para com o público/persona que estamos nos comunicando pode facilitar no processo de conexão inicial e ajudar numa condução mais orgânica da relação.
Segundo Artur Bender, autor do livro Personal Branding, o termo que cunha a publicação refere-se ao processo de criar e fortalecer a sua marca pessoal, diferenciando-se em um mercado competitivo. Quando munidos sobre informações valiosas sobre nosso interlocutor, conseguimos adaptar nossa apresentação e comunicação de forma mais efetiva.
Em contrapartida, me apegando novamente ao exemplo do corretor de imóveis, se você chegar de smoking para vender imóveis populares, a chance de você começar o jogo do relacionamento com seu cliente perdendo de 1x0 é grande, pois há uma quebra de rapport logo na estaca zero.
Neste sentido, quero que você internalize esses dois conceitos mencionados acima: autenticidade e diferenciação. Sua autenticidade é a sua diferenciação em um contexto de altíssima oferta e concorrência. É o que o torna único.
Qual característica inata que você poderia potencializar?
Comments