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Crenças, valores e medo: como esses elementos podem impactar nosso processo de comunicação?

  • Foto do escritor: Gabriel Campodarve
    Gabriel Campodarve
  • 13 de mar.
  • 4 min de leitura




Para falarmos sobre crenças, valores e medo, vamos remontar à teoria de um dos maiores porta-vozes da psicologia humana: Maslow. Ele propõe que os seres humanos operam com base em uma hierarquia de necessidades: a primeira necessidade do ser humano é a de sobrevivência e, apenas quando obtemos domínio sobre esta esfera que mudamos nosso foco para o estabelecimento de relações que nos façam sentir seguros. Atingindo a excelência na arte de criar conexões com pessoas, passamos a focar em satisfazer nossas necessidades de autoestima. Quando nos tornamos capazes de sentir um forte sentido de valor pessoal, a atenção da nossa consciência passa para a autorrealização, libertando todos os medos que nos impendem de nos tornarmos seres humanos independentes. Este é o estado de consciência chamado “transformação”.

Com base na Pirâmide de Maslow, Richard Barrett preconiza que as categorias de necessidades de Maslow representam estados de consciência. Assim, foi capaz de identificar os sete estados ou níveis de consciência que, de forma conjunta, explicam as forças motivadoras de todas as interações humanas.


Em seu livro “A organização dirigida por valores”, Barrett coloca da seguinte maneira:

“Começamos nossas vidas no primeiro estágio de desenvolvimento. Quando bebês, somos programados em nosso subconsciente pelo nosso DNA para valorizar a sobrevivência. Fazemos o que estiver ao nosso alcance para suprir nossas necessidades de sobrevivência. Quando crianças, valorizamos segurança e amor: nós nos adequamos, cultivamos amizades e construímos relações com objetivo de nos sentirmos seguros e amados. Quando adolescentes, valorizamos reconhecimento: tentamos sobressair ou sermos os melhores para que as pessoas nos respeitem. Queremos ter a sensação do nosso próprio valor. Quando jovens adultos, valorizamos aventuras e oportunidades de avançarmos no mundo: queremos liberdade, autonomia e igualdade. Quando nos tornamos adultos maduros, queremos que nossas vidas tenham significado: queremos encontrar um trabalho que esteja alinhado com aquilo pelo qual somos apaixonados. Uma vez que tenhamos encontrado a nossa vocação, queremos fazer a diferença. Procuramos outras pessoas com as quais possamos colaborar para aumentar o impacto que podemos ter no mundo. Uma vez que tenhamos experienciado a alegria causada por fazer a diferença, queremos levar uma vida baseada no serviço altruísta. Queremos deixar um legado através do qual as pessoas irão se lembrar de nós.”.


Olhando para o esquema dos 7 níveis de Consciência, entendemos o seguinte:

Os três primeiros níveis de consciência têm foco em nosso interesse próprio pessoal – satisfazer nossas necessidades fisiológicas, de segurança e proteção, nossas necessidades emocionais de amor e pertencimento e nossas necessidades de nos sentirmos bem a nosso respeito através do desenvolvimento de um senso de orgulho de quem somos e uma noção positiva de autoestima. Estão ligados à necessidade do Ego.

O quarto nível de consciência tem foco na Transformação – aprender como gerenciar, dominar ou liberar as crenças subconscientes baseadas no medo, que nos mantém ancorados nos níveis iniciais de consciência.

Os três níveis superiores de consciência focam em nossa necessidade de encontrar significado e propósito em nossa existência, realizando o significado ao fazer a diferença no mundo e conduzir nossa vida para o serviço sem interesse próprio. Estão ligados ao desejo da Alma.


Ou seja: os valores das pessoas são um reflexo de suas necessidades. Necessidades, por sua vez, são um reflexo do estágio que elas alcançaram em seu desenvolvimento psicológico.


E é nesse ponto também que você se pergunta e me pergunta: “Mas Gabriel, qual a diferença entre crenças, valores e necessidades?”. Crenças são contextuais e culturais: elas surgem das experiências que temos em situações específicas e se referem apenas àquelas situações.

Valores são universais, os valores transcendem os contextos. Em linhas gerais, valores descrevem o que é importante para nós, individual e coletivamente. Seus valores sempre são um reflexo do que você considera serem suas necessidades.

Necessidade, por sua vez, é algo que você deseja conseguir, ter ou experienciar, que você acredita que aliviará seu sofrimento ou estresse, que te fará mais feliz.


Agora, com essa definição em mãos, vamos aprofundar um pouco mais o entendimento do reflexo que necessidades não atendidas em momentos específicos de nossas vidas geram em nossos comportamentos atuais:


0 – 2 anos: As crenças limitantes no nível da sobrevivência têm relação com não ter o suficiente daquilo que você precisa para se sentir seguro e protegido: alimento, segurança, dinheiro, saúde, por exemplo. Essas crenças resultam na manifestação de valores potencialmente limitantes como controle, a manipulação, a ganância, e o excesso de cautela.


2 – 8 anos: As crenças limitantes no nível do relacionamento têm relação com não se sentir amado o suficiente para ser aceito e protegido. Está diretamente ligado a nossos pais. Essas crenças resultam na manifestação de valores potencialmente limitantes como culpabilização, necessidade de ser gostado, competição e politicagem interna.


8 – 24 anos: As crenças limitantes no nível da autoestima têm relação com não ser o suficiente para gerar respeito ou reconhecimento das pessoas. Geralmente, é nesta fase que, para se sentirem parte de “tribos”, as pessoas começam a beber, usar drogas, fazer tatuagem.  Essas crenças resultam na manifestação de valores potencialmente limitantes como a busca de status, de poder, a arrogância e um foco demasiadamente forte na autoimagem.


Não obstante, se você cresceu com algum ou alguns desses medos, sem ter satisfeito uma ou algumas dessas necessidades, seja de não ter dinheiro, segurança ou saúde suficiente, não ter amizade e amor suficiente ou não ser valorizado ou reconhecido suficiente, você tenderá a preencher essas necessidades na vida adulta e se tornará dependente dos outros para sua sobrevivência e segurança, amor e amizade, e sua autoestima ou senso de valor próprio.

Em síntese, cada um de nós significa as situações pelas nossas lentes. Lembra quando você ouviu “os homens não choram”, “você precisa trabalhar em algo importante para ser alguém na vida”, “seu irmão é mais inteligente do que você”?


Pois bem, seguem algumas perguntas poderosas para sua reflexão:

- Qual ou quais suas necessidades não atendidas que estão presentes nas suas interações diárias?

- De quais situações elas são provenientes?

- Quais são os impactos que elas trazem, tanto internamente, quanto às pessoas ao seu redor?

- Como seria se essas crenças e valores limitantes não existissem?

- O que você pode fazer para lutar contra isso?

 
 
 

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